quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Um Sonho Possível

Um Sonho Possível (The Blind Side)
Ano: 2009
Gênero: Drama
Atores: Sandra Bullock, Tim McGray, Quinton Aaron, Jae Head
Diretor: John Lee Hancock

Imagine a seguinte situação: um jovem negro, sem um lar, de natureza totalmente introvertida, nascido e criado num bairro “barra pesada”. Pelos conceitos da sociedade, imaginamos que ele seja mais um criminoso que o mundo produziu. Certo? Errado. Agora, imaginem o seguinte: uma mulher rica que acolhe este jovem em sua mansão e oferece tudo o que ele nunca teve na vida. É irreal, certo? Errado de novo. Esta é a uma história real contada no filme “Um Sonho Possível” ou “The Blind Side”, nome original muito mais explicativo que sua versão em português e veremos o porquê.

O longa é estrelado pela “miss simpatia” de Hollywood, Sandra Bullock, na pele da “madame” Anne Tuohy que acolhe o jovem Michael Oher (Quinton Aaron), mais conhecido como Big Mike por conta de seu físico avantajado. Aliás, é seu físico que o coloca no caminho da senhora Tuohy, quando lhe é oferecida a oportunidade de estudar numa “escola para ricos” por um treinador de futebol americano, que aposta em Mike por conta de seu porte físico diferenciado e propício para o jogo. A escola em questão é onde estudam os filhos de Anne.

Esta proximidade fez com que inevitavelmente seus caminhos se cruzassem. Num final de dia chuvoso Anne vê Michael perambulando pela estrada. É neste exato momento que a vida de Big Mike muda para sempre. Uma mulher rica, com filhos lindos, um bom marido oferece a um jovem negro que ela nem conhece, a chance de passar a noite no conforto de sua casa. Houve medo? Claro, o medo também faz parte da história. O medo do desconhecido de ambas as partes. O medo de Anne em ter sua mansão furtada na calada da noite, o medo do tipo de companhia que Michael seria aos seus filhos e o medo do jovem para com uma bondade tão inesperada e improvável.

Mas, desse medo todo, nasceram incríveis laços de amizades, confiança, respeito e amor. A família Tuohy ganhou mais um integrante, um jovem negro, desengonçado e tímido, mas com um enorme coração e algo diferencial, o instinto de proteção àqueles que ama. Esse instinto elevava suas capacidades no futebol americano e explica o nome original do filme. “Blind Side” é um tipo de jogada deste esporte onde um jogador tem como objetivo proteger o “lado do cego” do quaterback (atleta responsável pelos passes e lançamentos). Não precisa nem dizer que quanto maior o porte físico do atleta que atua nessa função, melhor ele será. Michael se encaixava perfeitamente nesse perfil, principalmente por seu instinto protetor.

Com a ajuda de toda a família, em especial de sua nova “mãe”, Michael ganha a oportunidade de se desenvolver não só como jogador, mas, sobretudo como homem. Big Mike atualmente é jogador do Baltimore Ravens, time da liga profissional americana. Para chegar a este ponte, ele teve o que precisava. Dinheiro? Não! Absolutamente não! Teve uma família e um imenso amor que transformou sua vida.

ALÉM DO QUE SE VÊ: Todas as histórias de superação são emocionantes e dignas de serem contadas em filmes e livros. São lições valiosas principalmente para nós que julgamos nossas dores como as maiores do mundo. É difícil imaginar o tamanho das lutas que vivem diariamente essas pessoas, sejam elas ricas ou pobres. Big Mike poderia ser mais um jovem criminoso que perderia a vida cedo ou, um jovem de bom coração que não teve alguém para lhe dar um “empurrão”. Não é correto dizer que ele venceu porque teve um amparo de uma família rica, pois sabemos que dinheiro não quer dizer sucesso. Big Mike venceu porque aproveitou as oportunidades que lhe foram dadas e, além disso, tinha um coração que a família Tuohy não imaginava encontrar.

Ainda pegando carona no nome do filme, mas agora no seu nome em português, talvez Michael jamais tenha sonhado em ser um jogador, possivelmente nem tinha sonhos. Talvez não fosse sonho da “madame” Tuohy receber em sua casa mais um novo “filho”. Mas a vida é assim, cheia de surpresas ou de oportunidades, conforme nosso ponto de vista definir. Todos nessa história comovente seguiram seus corações e a vitória não foi apenas de um, mas sim de todos, como uma família deve ser.

A superação pode acontecer de várias formas ou por diferentes razões. Superar a si mesmo e seus medos mais latentes é uma grande vitória. Exemplos reais não nos faltam, muito menos as oportunidades. Os instintos de proteção tão vivos em Michael explicam sua vitória na vida, tudo transformado em amor, poder inquestionável e inesgotável das famílias.

Se tivermos a oportunidade de tornar o sonho de alguém possível, façamos! Se tivermos o instinto de proteção vivo em nós, usemos! Se tivermos uma boa família, amemos! Se tivermos uma única oportunidade na vida, agarremos! Se tivermos que superar algo, tenham a certeza de que é um sonho perfeitamente possível!

Abraços!
Rafael L. Prado

Para saber mais: http://www.adorocinema.com/filmes/um-sonho-possivel/

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Marley & Eu

Marley & Eu (Marley & Me)
Ano: 2008
Gênero: Comédia/Drama
Atores: Owen Wilson, Jennifer Aniston, Eric Dane, Alan Arkin
Diretor: David Frankel

“Cães não precisam de carros luxuosos, casas grandes ou de roupas chiques. Água e alimentos já são o bastante. Símbolos de status não significam nada para eles. Um pedaço de madeira encontrada na praia serve. Um cão não julga os outros por sua cor, credo, ou classe, mas por quem são por dentro. Um cão não se importa se você é rico ou pobre, educado ou analfabeto, inteligente ou burro. Dê o seu coração e ele dará o dele. De quantas pessoas podemos dizer o mesmo? Quantas pessoas fazem você se sentir raro, puras e especiais? Quantas pessoas nos faz sentir... extraordinários?” John Grogan (Marley e Eu)


Dedico este texto a quem me fez sentir tantas vezes extraordinário e me amou incondicionalmente... ao meu cão e eterno amigo Sultão. Obrigado por tudo!


Certa vez li uma história que contava sobre a morte de um cachorro que já estava muito velho e doente. O pai da família lamentava com o veterinário o fato dos cachorros viverem tão pouco (normalmente vivem de 10 a 15 anos dependendo da raça), e disse não encontrar explicação para que os humanos vivam tanto e os cães tenham vida tão curta. Neste momento, seu filho de 8 anos de idade, que escutava a conversa vira-se para o pai e diz:

- Papai, eu sei porque os cachorros vivem menos que os homens.

- Por que meu filho? – pergunta o pai, certo de que ouviria algo sem muito sentido.

- Papai, os seres humanos precisam viver mais porque necessitam ter mais tempo para que aprendam a amar. Já os cães, conseguem fazer isso mais rápido, pois não precisam de muito tempo para aprenderem sobre o amor.


Depois de ler essa história, fiquei me perguntando o que os cães tem de diferente de nós? É um questionamento que vai muito além da condição física ou da questão do se racional e irracional.Pensei muito sobre a resposta do menino e mais ainda sobre o que é o amor de verdade. Depois de tanto refletir e me emocionar com a singeleza das palavras do garoto, preciso admitir que concordo com ele! Isso joga por terra a teoria da evolução de Darwin ou qualquer coisa parecida? Não, claro que não. Em termos evolutivos, estamos muitos degraus acima dos nossos amigos caninos. Sem dúvidas as nossas capacidades são maiores, mas isso também não quer dizer que sejam utilizadas. Infelizmente, de razão em razão, nos tornamos mais insensíveis, menos amáveis e menos humanos.

Histórias como essa se repetem diariamente em diferentes famílias do mundo. Um bom exemplo é o que pode ser visto no filme “Marley e Eu”, que é um retrato “filmado” deste tipo de caso, verídico por si só e em cada sentimento que ele possa causar em nós. Eu já tive essa experiência (você pode ter tido também) e posso atestar que entendo bem do que John Grogan fala sobre o Marley no final do filme, afinal quantas vezes alguém fez você se sentir extraordinário? É difícil responder, mas tendo como base o filme e a resposta do garoto, posso dizer que todas as vezes em que me senti extraordinário foi porque me senti amado verdadeiramente e, o meu cachorro fez isso por mim várias vezes.

Pois bem, este texto não é sobre o filme “Marley e Eu”, que a propósito indico que você veja e reveja, Ou sobre o livro “Marley e Eu”, que aconselho a leitura. Também não é sobre a história contada lá no início ou todas as outras tão verdadeiras quanto esta que existam por aí. Também não é sobre os cães, embora tenham papel de destaque. O texto é, sobretudo, sobre nós e o amor que não damos. É sobre as diversas oportunidades que perdemos de fazer alguém se sentir extraordinário. É sobre o amor puro e verdadeiro.

Podemos aprender em qualquer momento de nossas vidas, pois a vida é uma grande escola, já dizia o jargão popular. Seguindo esse raciocínio simples, podemos aprender muito com os cachorros. Na verdade, devemos aprender. Não estou falando sobre os tais cães assassinos ou violentos que existam por aí, que são apenas reflexos de seus donos (salvo distúrbios já conhecidos). Aliás, ser reflexos de seus donos explica muito. Como disse John Grogan, “dê o seu coração e ele lhe dará o dele”. Simples assim! Os cães têm essa capacidade de doação incondicional, mas e quanto a nós? Por que não aceitamos simples pedaços de madeiras encontrados na praia? Por que tanta dificuldade em amar? Talvez a pergunta explique a resposta. Talvez o estado atual de nossa sociedade explique tudo. Não quero aqui definir respostas, quero simplesmente gerar a reflexão. A resposta deve ser individual, pois é tão particular quanto as histórias que vivemos com cães, gatos, coelhos e, especialmente, com as pessoas.

O mundo em que vivemos por vezes nos dá a sensação de que não tem mais jeito, que tudo caminha perdido e nada irá mudar. Problemas se avolumam, preocupações se multiplicam, olhares cruzados, desviados e tortos se oferecem por aí. Temos dúvidas, medos, incertezas, dores e problemas. Mas, nos concentremos nos pequenos gestos que passam despercebidos ou nos gravetos que a vida nos oferta. Tem tanta gente dando o seu coração, mas simplesmente não sentimos. Existem muitos Marley’s por entre nós. Existe um Marley dentro de nós. Dê o seu coração aos Marley’s do nosso dia-a-dia, sem pensar no que vai receber em troca. Ame apenas pelo desejo de amar! Tolere pelo desejo de tolerar! Respeite pelo desejo respeitar! A vida é o reflexo do que doamos por aí.

“Marley e Eu” não é apenas um filme sobre cachorro, é uma história real que fala sobre o amor, pois este mesmo amor que Marley dedicava a seus “donos” é o mesmo que uniu a família Grogan em todas as dificuldades e crises por quais passaram. Marley os fez extraordinários, porque os amava incondicionalmente. A família que construíram foi solidificada por este sentimento tão puro e verdadeiro. Tudo se resume nisso. “Marley e Eu” é mais do que um filme ou um livro qualquer de auto-ajuda. Trata-se de mais uma oportunidade para aprender um pouco mais sobre este sentimento tão sublime. É inevitável o choro no fim, quem já teve um cão sabe bem disso. Marley é mais um exemplo entre tantos que, mesmo vivendo menos que nós ficam eternizados pelo amor que nos doaram.

Nossa vida seja ela longa ou curta precisa ser incondicional no amor dedicado. Precisa se eternizar no tempo que vivemos seja com quem for. John Grogan teve sorte com seu Marley. Eu tive sorte com o meu Sultão. Você teve sorte com o seu cão, porque tivemos a oportunidade de nos sentirmos extraordinários. E quem já se sentiu assim sabe o quanto é bom. Ao assistir este filme e de ouvir tantas histórias de cães que existem por aí, tenho cada vez mais a certeza de que o amor é a revolução que esse mundo precisa! E para isso acontecer precisamos acreditar que o extraordinário está em nós! Dê o seu coração!


"Marley nos ensinou a viver cada dia com alegria e exuberância desenfreadas, a aproveitar o momento e fazer o que manda o coração. Ele me ensinou a apreciar as coisas simples - um passeio pelo bosque, a neve caindo, uma soneca sob a luz do sol do inverno. E quando ficou velho e cheio de dores, me deu uma lição de otimismo diante da adversidade.” John Grogan (Marley e Eu)


Um abraço!

Rafael L. Prado


Para saber mais:

http://www.adorocinema.com/filmes/marley-e-eu/